O bandido e o canalha

O ser humano está sujeito a cometer erros. Quando um homem de caráter comete um erro, normalmente o assume e  dele se arrepende. Sua consciência o leva a pedir desculpas e mesmo quando perdoado permanece entristecido,  absorto, prometendo a si mesmo emendar-se. É assim o Magistrado que profere uma sentença desastrosa, capaz de prejudicar a sociedade por estimular a canalhice que sua sentença absolve em vez de condenar. Quanto ao canalha, sua postura é sempre de vangloria, quando a Justiça não consegue enxergar os seus erros condenáveis. O canalha é um enfermo mental incapaz de refletir sobre o mal que tenha causado a outra pessoa. Ele denigre a imagem das pessoas, acusando-as de atos que elas não cometeram, com o cinismo abominável de quem sabe o que está fazendo, de quem mente descaradamente. O canalha é a pior espécie de gente. Aliás, é possível que nem seja mesmo gente. Ele é muito pior do que o bandido. Sim, porque um homem pode se tornar bandido e ser respeitado, por não ser canalha. Um exemplo disso foi Virgolino Ferreira, o “Lampião”. Seu senso de justiça e amor à verdade esteve presente num de seus momentos de maior angústia, quando viu tombar e morrer, atingido por um tiro acidental, seu irmão mais querido. Ali, chorando desesperadamente, sobre o corpo inerte do irmão de sangue e de lutas, foi capaz de perdoar o homem que causara o acidente e que, igualmente emocionado, lhe entregava a própria arma, autorizando-lhe a vingança: “Capitão, mate-me! Eu sou o culpado pela morte de seu irmão!” Mas, o homem de fibra, o bandido que não era canalha, “Lampião”, respondeu-lhe, ainda sob o efeito de suas dolorosas lágrimas: “não, meu amigo, eu assisti a cena, você não teve culpa, foi um acidente. Vamos sepultar meu irmão!” Eis aí a maior prova de que um bandido pode ser amante da verdade e da justiça e  por isso ser admirado por todos. Isso, jamais aconteceria em relação ao canalha. Este será sempre tido como um ente desprezível, no meio social, indigno de merecer confiança para levar um simples recado.

Eis aí, companheiros, uma sugestão para a vossa reflexão.

Francisco Calasans Lacerda

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